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quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Analise Literária: Influência dos espelhos de Mário Quintana

Nesta crônica, Mario Quintana, coloca-se no papel de narrador-personagem que recorda um acontecimento de sua infância, em que espelhos eram utilizados como estratégia de marqueting para atrair clientes. Os espelhos distorciam a imagem das pessoas e isso levou-lhe a reflexão de que as pessoas também têm esse poder de projetar para o mundo uma imagem distorcida das outras pessoas, despersonalizando-as.
Pode-se observar que o autor faz um jogo de palavras entre a impressão reflexiva da criança e a constatação dos fatos do adulto.
 O foco narrativo em primeira pessoa em que o narrador-personagem dialoga com o leitor, como se pode verificar logo no início do texto onde o narrador pergunta ao leitor lembrava-se que antigamente os espelhos eram utilizados para atrair os fregueses e na apóstrofe “ Cuidado, incauto leitor!”.
A sequência temporal e as escolhas das pessoas do discurso (eu/tu) reforçam a presença de um diálogo direto entre narrador e leitor, podendo, dessa forma, afirmar que ambos são personagens da história.
O objeto da conversa ora é um fato já ocorrido ora é um fato atual, que demonstra  a antítese infância  adulto, em que pode-se perceber através do uso de verbos no pretérito do indicativo, subjuntivo e no presente (achávamos, conhecêssemos, somos).
A ação é exercida pelo sujeito (narrador personagem ou leitor) e isso justifica a utilização da voz passiva dos verbos.
Apostos são muito utilizados ao longo desta crônica para esclarecer ou referir-se à localização temporal, por exemplo, no trecho: “Nós, as crianças de então, (...)”.
Algumas figuras de linguagem aparecem durante a estruturação da narrativa para criar um efeito expressivo, como exemplo pode-se citar a gradação crescente no trecho: “ Achatando-os, alongando-os, deformando-os”.
Em “o testemunho de milhares de espelhos?” pode-se analisar a presença de uma personificação dada aos espelhos, criando assim uma metáfora em que Mário atenua a responsabilidade das pessoas (alma) pela mudança de personalidade por serem impotentes diante da persuasão dos espelhos que no contexto desse trecho são as demais pessoas que colaboram para a despersonalização dos seres.
A crônica é finalizada por uma gradação crescente: “um conto, uma novela, um romance” e por uma hipérbole: “grave assunto” que tem por objetivo demonstrar a extensão do tema, a influência dos espelhos, ou seja, a influência que a opinião do outro exerce sobre a personalidade e a vida das pessoas.


(Analisada por Jane Matos)

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