Total de visualizações de página

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Contnuação 11



O ÚLTIMO ADEUS



É chegada à hora da derradeira partida.

Fica no coração uma lembrança e na alma uma cicatriz que nunca sumirá.

A dor de não ter dado o devido valor àquele momento único e inigualável de minha juventude.

Parti. E aos melhores amigos de toda uma vida, disse um simples adeus. Um adeus frio e insignificante. Perdi a oportunidade de dizer a cada amigo a verdadeira importância que tiveram em minha vida. De olhar bem nos olhos dos meus amigos e dizer que os amava e que para sempre teria cada um deles gravado na minha memória e em meu coração. E que sabia que dificilmente voltaria a revê-los, mais que tinha valido muito cada segundo que passamos juntos.

Mas passei este momento tão especial e único da minha vida como se fosse um acontecimento banal. Que inconseqüente eu fui!

Lembro-me que os meninos anotavam endereços e telefones um do outro e eu não anotei nem um único contato por que tinha medo de meu namorado se enciumar. Que pena! Partimos e nos perdemos pela vida. Cada um seguiu um caminho e só restaram as lembranças, a dor e a saudade.

E hoje eu sei que eu devia ter vivido com muito mais intensidade aqueles momentos únicos na minha vida adolescente.

Por isso quero aproveitar essa oportunidade para dizer aos meus amigos de jornada o que não disse quando deveria ser dito, dizer que aqueles quatro anos que vivi ao lado deles foram à melhor fase de minha juventude e quero que todos saibam do meu arrependimento e da intensidade de meu arrependimento. E que trago no peito uma imensa dor e saudade enorme de cada amigo. E que por causa da inexperiência, não vivi da forma como deveria ter vivido aqueles momentos de prazer e realização ao lado de pessoas que durante tanto tempo fizeram parte importantíssima de minha vida. E sei que eu poderia ter contornado melhor a situação, mas tudo aconteceu da forma como aconteceu, porém me arrependo muito com a forma como lidei com as coisas.

Gostaria de ter abraçado a cada um deles. Ter dado um abraço forte, olhado bem nos olhos e dito:

− Adeus companheiros de uma vida, de uma história. Sigam felizes pela vida, que tenho certeza irá cuidar bem de cada um. Vou levá-los no coração pra sempre. Amigos, companheiros e quase irmãos, essa pessoa que hoje sou tem um pouquinho de cada um de vocês.

Aprendi com os vários agriculinos, de culturas e personalidades mil, a ter força e garra para lutar. Saibam que vocês passaram pela minha vida para me ensinarem tudo que sei e principalmente, ensinaram-me que viver é sentir cada segundo dessa vida boa, serena e às vezes agreste, mais que devemos viver cada momento intensamente.



A PARTIDA



E naquele dia eu parti sem olhar para trás. Com o coração dilacerado, rasgado, sangrando de dor eu segui sem nem ao menos olhar para trás.

Passamos na casa em que eu morava para recolhermos minhas coisas. Meu pai colocou tudo no carro.

O Cleber acompanhou tudo calado. Um silêncio doloroso. As palavras nos faltavam.

Todos entraram para o carro. E nós à porta do automóvel, nos olhávamos na esperança que o silêncio falasse por nós.

Cleber olhou fixamente em meus olhos, com amor derramando pelos poros e uma dor terrível que dilacerava a alma. Parou por um instante, abaixou os olhos, suspirou fundo e me disse:

− Vou te ligar todos os dias e não deixarei de pensar em você um só minuto nesta minha vida. E assim que der vou lhe visitar. Vou te amar para sempre e um dia a mais.

E sorrimos por ele ter recitado um verso de uma canção que tínhamos ouvido juntos uns dias antes.

Um grande e longo silêncio fez-se entre nós. Lágrimas rolaram de nossas faces e selamos tudo com um beijo. Um beijo apaixonado, terno, afetuoso, quase interminável...

Olhamos-nos por alguns instantes e deixamos o silêncio se encarregar do resto.

Entrei no carro e papai saiu no mesmo instante.

Ficamos nos olhando até nos tornarmos formiguinhas.

Minúscula e insignificante é a distancia para o amor.



O FIM



Depois, por vários dias nos falamos pelo telefone. E nossas conversas eram intermináveis.

Então um dia ele não ligou e nem eu voltei a telefonar-lhe.

E mesmo que vocês pensem que eu deveria ter ligado lhes respondo: não acredito que isso salvaria nossa relação, pois a vida já havia se incumbido de terminar nossa história de amor, ali em Aquidauana, à Rua dos ferroviários, em frente ao cemitério quando nossos corpos se transformaram em dois pontos minúsculos separados pela distância.

E atualmente, depois de anos passados, Cléber e eu ainda mantemos contato, ficou entre nós uma grande amizade.
E meus velhos amigos de tantas boas histórias seguiram na vida, porém, com a maravilhosa tecnologia posso, com alguns, mantenho uma amizade virtual. Confesso que com alguns mantenho uma boa amizade virtual e outros se transformaram em emails esquecidos no hotmail. No entanto, o mais importante de toda essa história foram os momentos vividos, e que nos transformou em que hoje somos: Profissionais respeitáveis, pais e mães de família que sempre levarão no coração e na memória as lembranças das histórias e das pessoas que durante quatro anos fizeram parte de um mundo só.