Total de visualizações de página

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Continuação 9

OS


OS PREPARATIVOS



Os preparativos para a formatura iam de vento em popa. Tudo acertado: local do baile, do almoço, cerveja, colação de grau, tudo certo até os mínimos detalhes.

E quanto mais se aproximava a data mais dava um nó na garganta, um aperto no peito. Depois de quatro anos ter que deixar os amigos pra seguir numa vida que parecia não ser a minha, pois a minha vida era os amigos, a escola, as festas, enfim a rotina aquidauanense e em poucos dias eu estaria vivendo numa cidade que apesar de eu ter nascido e crescido, me sentia, naquele instante, total forasteira. E ter que voltar para Ponta Porã era uma coisa que me deixava muito triste.

Eu passava horas pensando que precisava terminar o namoro com o Cleber, pois nunca acreditei em namoros a distância. Para mim o amor precisa do toque, do cara-a-cara. Eu estava tão confusa, uma ebulição de sentimentos tomava conta de mim. Na realidade eu não queria terminar nada, mas longe um do outro não daria para continuar esse namoro que acabaria se tornando o amor inatingível dos poetas românticos.

Olhava para ele e me perdia em meus pensamentos. Queria passar o resto de minha vida ao seu lado, mais e o meu discurso de mulher independente e feminista: que iria trabalhar e ser uma técnica em agropecuária de sucesso, que iria viajar para os maiores centros agrícolas em busca de aperfeiçoamento e novas tecnologias agrárias.

Na verdade não era nada do que eu realmente queria, eu queria era lavar, passar e cozinhar para o Cleber e ter uns seis meninos para formar um time de vôlei. Mulher é tudo igual mesmo, é só se apaixonar de verdade para voltar no tempo e por a perder, toda a tal de evolução feminista e que se dane a queima de sutiã, eu quero é amar e viver a meu bel-prazer.

Eu precisava falar isso para o Cleber, que minha intenção era constituir um lar ao seu lado. E a coragem, caros leitores?

A verdade é que um dos dois precisava dar o primeiro passo e começar a falar, afinal era a nossa vida.

Um dia, voltávamos de um show quando percebemos que furou o pneu da moto, então a deixamos na floricultura da irmã dele e seguimos a pé até minha casa.

Lembro-me que fazia uma noite linda, a lua brilhava tanto na imensidão negra do céu.

−Olha amor, que linda a lua! − Disse cheia de admiração.

O Cleber parou de andar, olhou a lua por uns instantes, voltou seu olhar fundo nos meus olhos, abraçou-me e depois me beijou, num beijo tão profundo e calmo que me fez sentir medo. Medo de tudo ser simplesmente um sonho, uma falsa verdade e que a felicidade nunca existiu... E o beijo foi interrompido por suas palavras esbaforidas:

─ Amor... Vamos continuar namorando depois que você se formar? A gente se fala por telefone diariamente e de vez em quando você vem me ver e eu também vou lhe ver...

Interrompi-lhe com um beijo, e tão grande era a minha felicidade que quase não consegui falar:

─ Vamos! Vamos... Eu queria tanto ouvir isso de você meu amor...

Apressamo-nos por chegar a casa, ao nosso ninho de amor. E com beijos ardentes e apaixonados, embalados pelas românticas músicas de Alexandre Pires fizemos o melhor amor que duas pessoas apaixonadas podem fazer.