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domingo, 2 de janeiro de 2011

Continuação 7

CHURRASQUINHO NO VACA



Opa! Vocês devem estar pensando que tem um erro gramatical no título desse capítulo, mas não. Vaca é o apelido de um professor e amigo da turma.

Depois que comecei a namorar o Cleber eu me afastei um pouco da turma, por isso eles inventaram um churrasquinho, com a tentativa de trazer meu namorado para o nosso grupo de amigos e assim tudo ficaria como antes.

Mas a tentativa foi meio torpe.

Nesse churrasco conheci qualidades do Cleber que não sabia que existiam, por que ele era legal, divertido, engraçado e bem humorado. Mais também muito ciumento. Confundiu a minha amizade com os guris. Achando que eles me davam mole, como ele próprio confessou dias depois. Mas o fato era que por eu ser a única menina da sala eles me protegiam e paparicavam demasiadamente e isso causou certa estranheza ao Cleber que pensou ser insinuação ou interesse deles por mim. Mas era só carinho e amizade.

No entanto, o programa foi um fiasco, fiquei dividida entre o namorado e os amigos.

Costumeiramente,  meus amigos e eu bebíamos e fumávamos muito e isso também criou atrito entre mim e meu amado, que apesar de beber socialmente, como fazia questão de afirmar, espantou-se com a quantidade de bebida consumida pelos agriculinos. E além disso, ele odiava cigarros.

Eu já estava “quase” tonta quando fui fazer um cigarro de palha. Peguei o fumo de primeiríssima linha, a seda era “traia de patrão”, coloquei o fumo na seda, enrolei com uma destreza invejável, coloquei na boca e quando fui ascender meu enamorado me olhou, com uma cara de mau e disse para eu não fumar. Sorri abaixando os olhos, ascendi, dei uma tragada e uma baforada, ficou uma obra de arte e passei-o para o Coalhada que continuou a fumar.

Dei uma volta pelo quintal, chupei uma bala e fui tentar dar um beijo no meu amor que se levantou e falou educadamente que não beijava mulher que fumava e que também não as levava para casa. Despediu-se do pessoal, subiu na moto, deu partida e foi embora sem se quer olhar para trás.
Fiquei espantada com sua atitude, mais continuei a beber com meus amigos. Acabei indo embora a pé com a Dani e os guris. Chegamos em casa e nos sentamos na esquina em frente ao cemitério.

Pensei que aquele tivesse sido o fim do meu namoro e bebia ainda mais com a desculpa de que era para esquecer toda aquela situação.

Lembro-me vagamente que tocava uma música, nem sei quem canta, sei que falava em paredes azuis, solidão, abandono. Eu chorava, chorava muito por ter sido abandonada por causa de um cigarro de palha.

Bêbado é uma coisa! E chega a ser engraçado as coisas que um pinguço apronta.

Minha amargura e embriaguês era tanta que nem percebi que o Cleber estava parado com a moto atrás de mim. E já fazia tempo que ele estava ali ouvindo as histórias dos meninos. Eu só o percebi quando ele me chamou para dormir. Fui mal educada com ele:

─ Você disse que não beija bêbada, não carrega bêbada e agora quer fazer-se de bonzinho. Deixe-me que eu não preciso de você!

─ Mais você não consegue ir para casa sozinha...

─ Me deixa! A Dani me leva para casa.

─ Tudo bem então. Tchau! – E sumiu pela escuridão.

Há muito custo conseguiram me levar para dentro. Eu não queria entrar, tinha a esperança que ele fosse voltar num cavalo branco e salvar sua princesa do pudim de cana.